segunda-feira, 4 de junho de 2012

Hoje e amanhã em Fortaleza! "Sobre as mortes de quem quer a Amazônia verde e viva"


Felipe Milanez continua acompanhando o caso e acaba de lançar o site www.amajestade.com.br

Hoje e amanhã o advogado, jornalista e cientista político Felipe Milanez está em Fortaleza apresentando o documentário Toxic Amazon: uma crônica de mortes anunciadas, que lhe rendeu o título de “Herói da Floresta” concedido pela Organização das Nações Unidas a três pessoas no mundo todo. O filme conta a história do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, assassinado a tiros numa emboscada em maio de 2011. Eles moravam há 24 anos no Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, a 50 quilômetros do município de Nova Ipixuna, distante 390 quilômetro da capital do Pará, Belém.
Dos 20 hectares que ocupavam, 80% era área verde preservada. José Cláudio e Maria viviam da extração de óleos de andiroba e castanha e eram conhecidos defensores dos 22 mil hectares de mata do assentamento, constantemente invadido e ameaçado por madeireiros e grileiros. Tido como o novo Chico Mendes, José Cláudio já falara em muitas ocasiões sobre as ameaças de morte que ele e a esposa sofriam. Felipe Milanez, que trabalhou na National Geographic e sempre fez matérias sobre os conflitos na Amazônia, conheceu o casal alguns meses antes do assassinato, ficou amigo dos dois e denunciou as ameaças de morte.
Ele já tinha material gravado e pensava em fazer o filme desde o primeiro contato. Com a morte, a vontade só aumentou. Ele cobriu o funeral como jornalista e depois passou mais um ano filmando, acompanhando as investigações da polícia, aí já em parceria com o canal norte-americano de vídeos na Internet VICE, que bancou a produção do documentário, e com a colaboração de um segundo diretor, Bernardo Loyola. “Era um casal extraordinário. Já vinha fazendo pesquisa de imagens, inúmeras reportagens. Com a morte me senti numa outra obrigação, era uma questão moral, humanitária”, adianta Felipe. Bom de papo, ele já deu uma deixa do que deve render os debates por aqui.
Para contar a história desse casal, o documentário revela vários conflitos que se agravam na Amazônia, causam muito alarde quando terminam mal – como no caso de José Cláudio, Maria e da irmã Dorothy – mas depois continuam fazendo parte do dia a dia de quem vive na região. “O assassinato deles foi um crime político, seria muito difícil contar essa história sem falar da ideologia por trás dele. É preciso explicar em linhas gerais o conflito fundiário, que motivou a morte do Cláudio e da Maria - tinha um fazendeiro fazendo grilagem no assentamento -, falar como começou a ocupação dessa região, a mais violenta do Brasil, explicar o que são os castanheiros, os que coletam de forma sustentável, falar da questão indígena. Entra muita coisa, se não o filme ficaria vazio”, diz Felipe.
Para ele, a lógica da ocupação atual da Amazônia, que estimula o pasto para o gado e a plantação de soja, explica a morte dos defensores da floresta. “É um projeto de ocupação que destrói a vida”, diz Felipe que já fez uma dezena de outras reportagens denunciando nomes ameaçados de morte na Amazônia. Toxic Amazon: uma crônica de mortes anunciadas já foi apresentado em universidades de Washington e Chicago e Coimbra. Por aqui, o público tem duas chances de assistir o filme na companhia do diretor. (Mariana Toniatti)
SERVIÇO
Toxic Amazon: uma crônica de mortes anunciadas
O quê: Exibição do documentário de Felipe Milanez, seguido de debate com o realizador. 
Quando: Hoje, às 17h na Faculdade 7 de Setembro. Amanhã, às 19h, na Faculdade de Educação da UFC.
Onde: Faculdade 7 de Setembro, rua Alm. Maximiano da Fonseca, 1395, Luciano Cavalcante. Faculdade de Educação, rua Waldery Uchoa, 01, Benfica. 
Outras informações: 3444 8300
FONTE: O Povo
Quem não puder ir, pode conferir o trabalho neste link > http://www.vice.com/toxic/toxic-amazon-part-1 

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