"Moradores protestam contra canalização de riacho"

Um grupo de 20 pessoas realizou a manifestação com cartazes e carro de som. Eles pedem que Prefeitura não leve projeto adiante e priorize a construção do parque Rachel de Queiroz

Manifestantes levaram faixas em protesto (DEIVYSON TEIXEIRA)

É com saudade que o engenheiro Roberto Pedrosa, 63, lembra-se dos tempos de limpidez do riacho Alagadiço Novo. “Sempre morei aqui (no bairro). Quando criança, esse era um riacho balneável. Eu tomava banho nele”, conta. Roberto e um grupo de aproximadamente 20 pessoas protestaram contra a canalização de 4,5 km do riacho na manhã de ontem (01/09). A obra está prevista pelo Programa de Drenagem Urbana de Fortaleza (Drenurb).

Reunidos na área verde do bairro Presidente Kennedy, que fica atrás do colégio Santa Isabel, o grupo interrompeu por alguns momento o trânsito de veículos na avenida governador Parsifal Barroso, no sentido avenida Sargento Hermínio /Campus do Pici.

Evânia Severiano, uma das organizadores do movimento pró-parque Rachel de Queiroz, afirma estar surpreendida pela decisão da Prefeitura. “Estamos negociando há três anos com a Regional III para a construção do parque Rachel de Queiroz”. Outra integrante do pro-parque, Dilza Gomes, teme pelo “avanço da especulação imobiliária após a canalização do riacho”.

Os manifestantes afirmam que o projeto de construção do parque Rachel de Queiroz foi pensado há dez anos, no final da gestão Juraci Magalhães, mais ainda aguarda para ser executado. Segundo o professor José Sales, do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC, onde o projeto foi elaborado, o parque englobaria o total de 252 hectares, distribuídos em 21 bairros de Fortaleza. E beneficiaria meio milhão de pessoas que, hoje, não tem acesso a áreas verdes públicas.

Pelo projeto, o parque seria construído ao longo do curso dos riachos Alagadiço Novo e Cachoeirinha, nas áreas verdes disponíveis e teria um total de 12,5 km de extensão. Na proposta, ainda inicial, não está prevista a canalização do riacho Alagadiço Novo. “A Prefeitura vai gastar, por exemplo, 800 milhões de reais em drenagem. Esse é um investimento importante. Já para o parque, o investimento seria de 30 milhões com recuperação ambiental e urbana”, afirma José Sales.

Segundo a assessoria de imprensa do Programa de Drenagem Urbana de Fortaleza (Drenurb), a canalização do riacho Alagadiço Novo seria feita entre o açude João Lopes, no bairro Ellery, e o bairro Antônio Bezerra. Essa é maior obra do Drenurb e pretende acabar com problemas de alagamento na região.

A obra está prevista para começar ainda em setembro e vai construir 4,5 km de paredes no riacho. O prazo de execução é de 18 meses e a obra possui licença ambiental. Porém, a Prefeitura salienta que está aberta a possíveis modificações do projeto, a partir de sugestões da comunidade.

Já a Secretaria Executiva Regional (SER) III informa que até o final do ano devem ser iniciados os trabalhos de construção do parque Rachel de Queiroz.

ENTENDA A NOTÍCIA

Um grupo de moradores do Algadiço Novo e São Gerardo, além de ambientalistas, protestaram contra a canalização do riacho Alagadiço Novo. O projeto está previsto no Drenurb. Manifestantes pedem prioridade para a construção do parque Rachel de Queiroz.

FONTE: O Povo Online -  Geimison Maia