segunda-feira, 3 de outubro de 2011

"Mercado de produtos orgânicos reduziu preços e aumentou a oferta de serviços em Fortaleza"

Segundo o IBGE, o Ceará está entre os estados que mais se destacam na produção de orgânicos. Em Fortaleza, o número de restaurantes e lojas especializadas têm crescido rapidamente


O avanço dos produtos orgânicos nas feiras, restaurantes, lojas especializadas e nos supermercados cearenses está mudando, aos poucos, hábitos de consumo da população. Hoje, é comum encontrar produtos diversos totalmente livres de agrotóxicos. As frutas e hortaliças foram as primeiras mas, hoje, já é possível encontrar vinhos tinto e branco orgânicos, vinagres, geleias de vários sabores, molho de tomate, farinha de milho, óleo de coco, amaranto (grão altamente nutricional com alto teor biológico comparado com a proteína do leite), ovos e frangos orgânicos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo Agropecuário de 2006, os estados que mais se destacam na produção orgânica são Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Ceará, Paraná, Piauí e São Paulo. Em nosso estado isso é notado no aumento de propriedades rurais que se dedicam a este segmento, a maioria delas situadas na região da Serra da Ibiapaba. Essas produções abastecem, principalmente, as lojas especializadas, restaurantes e supermercados.

Algumas das principais redes de supermercado também já dedicam seções a esses produtos. Segundo Jiro Nagaura, responsável pela seção de orgânicos do Mercadinho Japonês, todo dia cresce o consumo desses produtos o que vem contribuindo para a sua redução de preço. “Com o aumento do consumo, aumenta a produtividade. De 2010 para cá, esse consumo dobrou”, afirma. A loja, localizada na avenida Antônio Sales, oferece 40 variedades de orgânicos, a maioria oriundos da serra da Ibiapaba, de municípios como São Benedito.

Expansão
Mas o que vem chamando mais a atenção é o crescimento do número de lojas especializadas e de restaurantes que oferecem, em seus cardápios, pratos elaborados com produtos livres de agrotóxicos. Valéria Pereira Barbosa, assessora técnica da loja Orgânicos da Terra, diz que o começo foi difícil.“As pessoas não conheciam e achavam que eram produtos de alto valor. Negociamos diretamente com o fornecedor – de Guaraciaba do Norte - e por isso conseguimos um preço bem diferenciado”, diz.

Para não ter que depender da curiosidade esporádica das pessoas, a empresa de Valéria passou a trabalhar também com o atacado, vendendo os produtos também para restaurantes naturalistas e vegetarianos (Ver lista). “Também promovemos jantares nos condomínios residenciais. Vamos até os síndicos e pedimos permissão para fazer uma apresentação e oferecer uma degustação aos moradores, divulgando receitas de orgânicos, preparando jantares elaborados, com pratos diferentes, e também ensinamos como fazer o suco de clorofila”, explica.

Sandra Soares, sócia-proprietária da loja e restaurante Portal do Orgânico, diz que encontram-se à disposição dos interessados 55 tipos de hortaliças, frutas e cereais, geleias, azeites e até produtos de limpeza com certificação nacional - Selo Brasil. A produção de hortaliças é própria e vem de Guaraciaba do Norte. Outra parte é adquirida de quatro associações de produtores orgânicos da serra da Ibiapaba. Os demais produtos, com layout mais industrializado, vem do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, como os vinhos Cabernet e Malbec, e até cachaça orgânica.

No Brasil, o Cadastro Nacional de Orgânicos, do Ministério da Agricultura, registra aproximadamente 9.700 produtores orgânicos. Mas o número é bem maior. Segundo dados do IBGE, com base no censo de 2006, deve haver no Brasil, hoje, algo em torno de 90 mil produtores de orgânicos, sendo apenas 10,5% deste total certificado.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA
Na produção orgânica, não podem ser usados agrotóxicos, adubos químicos e sementes transgênicas, e os animais devem ser criados sem uso de hormônios de crescimento e outras drogas, como antibióticos.

Rebecca Fontes

3 comentários:

  1. Um dos incentivadores para isto foi o projeto Agricultura Familiar, Agroecologia e Mercado (AFAM), conduzido pela Fundação Konrad Adenauer em Fortaleza. Ao longo de cinco anos, foram treinados centenas de agricultores em todas as regiões do Ceará em técnicas agroflorestais e Permacultura.

    A equipe do projeto, junto com o Centro de Ciências Agrárias da UFC, DED e outros parceiros promoveram feiras agroecológicas em muitos municípios pólos, incluindo Fortaleza e levaram vários produtores para conferências regionais, nacionais e internacionais de Agricultura Orgânica. Também foi criado um banco de dados de produtores orgânicos.

    Pra quem quiser saber mais, ainda há material informativo no site: http://www.agroecologia.inf.br

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  2. ótima dica Tennyson. Precisamos conversar sobre teus contatos ... estou com um projeto sobre o tema. Minha ênfase é o Mercado e Logística da "agroecologia".

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  3. Orientei uma dissertação no GESLOG sobre os canais de distribuição de orgânicos em Fortaleza ... no mínimo queremos que vire um livro digital. Vamos tentar edtar me papel. Para divulgação.

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