sexta-feira, 7 de outubro de 2011

"Terreno colado ao Parque do Cocó já está desmatado e murado. Vereador diz que não há meio ambiente a ser protegido lá..."

Como argumento para defender a construção no local, Carlos Mesquita aponta que já não existe verde no terreno, localizado ao lado do Cocó. Em outra parte da área, há um prédio e uma academia esportiva.


Terreno que deveria integrar área para recuperação ambiental está desmatado e pronto para novas construções (GABRIEL GONÇALVES)


Um terreno sem árvores, coberto por uma vegetação seca e com marcas de desmatamento. Do outro lado, mais um terreno, com a vegetação visivelmente degradada, parcialmente ocupado por um prédio e uma academia esportiva chamada Ecolife. Como argumento para justificar a construção de mais empreendimentos no local, o vereador Carlos Mesquita (PMDB) aponta que não há meio ambiente a ser protegido nos terrenos localizados entre a rua Engenheiro Samir Hiluy e a avenida Sebastião de Abreu, no bairro Cocó. O espaço é objeto de nova polêmica envolvendo o Plano Diretor de Fortaleza.

Através de emenda à lei que regulamenta o tecido urbano da cidade, Mesquita quer transformar o espaço em Zona de Ocupação Consolidada (ZOC), abrindo todas as possibilidades para a exploração imobiliária do espaço, o que aumentaria a quantidade de arranha-céus no entorno do parque.

O terreno atualmente está designado no Plano Diretor da cidade como uma Zona de Recuperação Ambiental (ZRA) – áreas compostas por “relevantes” atributos ambientais que sofreram processo de degradação. Por isso, de acordo com o que determina o artigo 67 do Plano Diretor, o espaço deve ser conservado e as áreas indevidamente utilizadas devem ser recuperadas.

Mas, de acordo com Mesquita, não há árvores ou nenhum outro patrimônio ambiental para ser conservado no terreno. “O que é que nós vamos conservar aqui?”, indagou o vereador, apontando para o terreno vazio, cercado por muro, exatamente ao lado do verde farto do Parque do Cocó. “Aqui sim, nós temos muita coisa para preservar e eu sou de acordo com a preservação”, completou, apontando para a vegetação do Cocó. “Mas neste terreno da minha emenda não tem nada, como você está vendo”. O POVO visitou o local na última quarta-feira, na companhia do vereador, que impôs como condição para dar entrevista a presença da reportagem no local indicado.

Espaço ocupado
Ao lado do terreno desmatado e murado, outro terreno compõe a área sobre a qual Mesquita quer fazer “justiça”. O outro terreno, porém, não está completamente desmatado. Uma porção dele é ocupado por prédios e a outra parte ainda possui vegetação, mas está visivelmente degrada, inclusive pela presença de lixo no local.

Segundo o vereador, no início das negociações do Plano Diretor, a área já seria designada como ZOC e sua emenda pretende apenas reverter a “injustiça” feita na aprovação da lei. (Pedro Alves)

Saiba mais
O Parque do Cocó sempre foi objeto de polêmicas. Na década de 1970, durante a gestão do ex-prefeito Lúcio Alcântara,a construção do Parque Adahil Barreto - consumindo parte da área - foi rodeada de de grandes debates públicos sobre o assunto.

Também polêmico tem sido a atualização do Plano Diretor de Fortaleza. Depois de longa tramitação na Câmara Municipal, a lei foi aprovada no final de 2009. A Prefeitura, que perdeu todos os prazos para regulamentar a lei, tenta fazer ajustes através de mensagem - o que abriu espaço para as emendas.

Durante a conversa com O POVO no próprio terreno,Carlos Mesquita argumentou que não está querendo privilegiar ninguém e sua emenda ao Plano Diretor não tem objetivo de favorecer nenhum empresário. “Se o dono daquele terreno fosse o vendedor de picolé, minha posição seria a mesma”, assegurou Mesquita.

FONTE: O Povo Online

3 comentários:

  1. Preservemos a especulação imobiliária, então! Deprimente!

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  2. Ironico o nome da Academia não ... Ecolife. Noutro dia na minha caminhada matinal pelo Cocó encontrei na "porta" do parque pela Sebastião Pinheiro dois jovem distribuindo panfletos de um prédio em construção junto ao parque ... "algo verde" ... olhei o panfleto. Incorporadora BSB... a mesma que removeu do mapa, na calada da noite de carnaval uma das ultimas áreas verdes de Aldeota (da Esq. da Santos Dumont com Virgilio Távora) - privada, mas com arvores de décadas onde familias de soins viviam ...
    Que Greenwashing hein! ...

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  3. Esses prédios "verdes" em construção pela cidade, adoram sujar as ruas com panfletos... panfletagem em Fortaleza é sinônimo de lixo, as pessoas recebem educadamente, dois segundos depois, atiram na rua.

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