quarta-feira, 30 de novembro de 2011

"3.226 ligações clandestinas de esgoto na orla"

Donos de barracas esperam promessas de gestores para resolução do problema na Praia do Futuro antes do inverno

Donos de barracas da Praia do Futuro temem que uma das obras do Programa de Drenagem Urbana de Fortaleza, que tenta escoar a água da chuva, piore a poluição do lugar

Sol, coqueiros e mar. O cenário na Praia do Futuro, em Fortaleza, até lembra um paraíso. Contudo, um problema está quebrando todo este encanto: os esgotos a céu aberto que já surgem antes mesmo da chegada da quadra chuvosa. Só neste ano, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) notificou 3.226 imóveis que estavam com ligações irregulares, jogando dejetos diretamente no mar.


Para agravar a situação, donos de barracas na Praia do Futuro temem que uma nova obra, dentro do Programa de Drenagem Urbana de Fortaleza (Drenurb), possa piorar ainda mais o cenário. Uma grande galeria está sendo construída para tentar escoar a água da chuva e direcioná-la até o oceano. O problema maior é que os resíduos, oriundos das ligações clandestinas de esgoto, possam "invadir" essas tais rampas, descer até o mar e piorar os índices de poluição.


O proprietário de uma barraca Maurício Rossi lamenta a situação de abandono. Ele denuncia que, diariamente, dezenas de pontos "explodem" em frente aos empreendimentos, escorrendo dejetos, causando muito mau cheiro e chateação.


"Se não fiscalizarem, vai tudo piorar ainda mais. Comunidades vão fazer mais ligações irregulares e tudo vai ser escoado por essas galerias", reforçou.


Outro problema, segundo o proprietário e integrante da Associação dos Empresários da Praia do Futuro, Flávio Costa, são as tubulações obstruídas por falta de manutenção e cuidados da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).


"Todo dia, por volta de 13h, começa a subir um cheiro ruim e o esgoto toma conta das calçadas. Tem cliente que se nega a entrar na barraca tamanha é a sujeira existente", critica Costa.


As reclamações, no entanto, não são recentes. Se arrastam há décadas. Mas pioraram, segundo Flávio Costa, no último ano. "Falta uma priorização do poder público para resolver o problema dos esgotos a céu aberto e da manutenção das tubulações. É um direito básico que acaba manchando a imagem da nossa Capital, principalmente entre os turistas", frisou.


O analista de sistemas, Tiago Alves, 26, que surfa semanalmente na Praia do Futuro, teme, inclusive, adquirir problemas de saúde, devido à sujeira jogada nas águas. "Quando começar a chover, ninguém vai aguentar o inferno de fedor em toda a orla", finalizou Alves.


A assessoria do Drenurb, entretanto, não se pronunciou sobre as denuncias feitas. Apenas afirmou que a obra, iniciada em agosto, tem previsão de conclusão para junho de 2012, no valor final de mais de 4, 1 milhões.


Já a Cagece ressaltou que está realizando ações para prevenir o transbordamento de esgoto na Praia do Futuro. Já foi concluído e interligado o coletor situado na Avenida Dom Manuel e ações preventivas com a visita de 1.966 imóveis, a grande maioria na Praia do Futuro.


"A Cagece concluiu a construção de um tanque-pulmão. O uso incorreto da rede provoca entupimentos, principalmente nos horários de maior fluxo de esgoto. Com a obra, o material excedente é direcionado para o tanque", disse em nota.

Saiba Mais

A Cagece
tem feito 400 notificações de irregularidades por mês, resultado de visitas feitas aos imóveis

Para tentar solucionar o problema da poluição das praias de Fortaleza, sobretudo da Praia do Futuro, o Município estaria dando andamento a um Plano Integrado de Trabalho Para Controle da Poluição na Orla Marítima de Fortaleza

Atualmente, apenas 15 barracas de um total de 86, possuem rede de esgotamento sanitário regular

O "Atlas do Saneamento 2011", realizado pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que 51% dos municípios cearenses não possuem tratamento algum de esgoto.


IVNA GIRÃO
REPÓRTER


FONTE: CIDADE - DN 

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