É interessante perceber que a questão do consumo é pouquíssimo abordada nos discursos da sustentabilidade. Ora bolas, se o problema da sustentabilidade é que estamos consumindo mais recursos naturais do que o planeta consegue produzir, a ideia mais lógica seria agir diretamente na questão do consumo e resolver o problema. Porém, não é tão fácil assim. O consumo é um fundamento tão importante para o sistema econômico capitalista atual que ele se quer é questionado, por exemplo, na “bíblia” da sustentabilidade: o Relatório Brundtland (1987) que define o Desenvolvimento Sustentável.
O ponto-chave aqui está na questão das “necessidades” x “desejos”. O marketing diz que seu principal objetivo é indentificar e atender as necessidades dos clientes. As necessidades humanas são finitas: subsistência, proteção, liberdade, afeto, etc. Já os desejos, são infinitos, eu posso desejar o que vejo e o que não vejo, o possível e o impossível. Ai você vai me dizer: aha! A culpa então é do marketing! Porém, existe uma outra máxima no mundo dos negócios que diz: o cliente sempre tem razão.
Todas as atividades das empresas são orientadas para a satisfação do cliente, incluindo os milhões e milhões gastos anualmente em pesquisas de mercado, justamente para descobrir quais são as necessidades dos consumidores. E agora, de quem é a culpa?
Yvon Chouinard, fundador da empresa, explica: “o programa primeiramente pede para que os consumidores não comprem algo que eles não precisem. Se eles realmente precisam daquilo, pedimos a eles que comprem algo que irá durar por um bom tempo – e consertar o que quebrar, reusar ou revender o que eles não utilizam mais. E finalmente, reciclar o que estiver realmente sem conserto.”
Pode ser um choque para muitos que esta empresa esteja realmente pedindo para que seus consumidores não comprem mais seus produtos a menos que eles realmente precisem. Em contrapartida a empresa se propõe a fabricar produtos que irão durar por muito tempo, que sejam consertáveis e que possam ser revendidos, incluindo uma parceria com o eBay para que os consumidores possam vender mais facilmente seus produtos usados.
Estaria a Patagonia dando um tiro no pé? Voltando um pouco na questão do marketing, a empresa parece ter identificado que a necessidade de seus clientes é comprar menos. Será que este tipo de resposta surgiria em alguma pesquisa de mercado? Se surgisse, será que ela seria levada em consideração pela diretoria da empresa? Sobre estas questões, Rick Ridgeway, vice-presidente ambiental da Patagonia é enfático: “Eu não tenho budget para fazer qualquer tipo de pesquisa de mercado. Nós apenas fazemos o que achamos certo e agimos por instinto.”
E você, o que acha? Será que moda pega?
FONTE: AtitudEco
O "Buy Nothing Day" é uma oportunidade ótima para provocar as pessoas. Precisamos parar e refletir mais sobre o consumo. Particularmente, adorei a iniciativa da marca citada.
ResponderExcluirA redução do consumo é um dos 3 pilares da sustentabilidade, junto com o reaproveitamento e a reciclagem, que estão todos ligados, ainda.
ResponderExcluirAderi ao Buy Nothing Day, é simplesmente impressionante paralisar o consumo na Sociedade de Consumo. Sem dúvida um chamariz válido e eficaz!
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