De acordo com a a Regional III, a morte de peixes foi causada por vazamento de esgoto para a lagoa (FOTO: FÁBIO LIMA)
Francisco Maciel, 44, reviveu os tempos de pescador, na tarde de ontem. Ao ver camarões nadando na superfície da Lagoa de Porangabuçu, no Rodolfo Teófilo, não hesitou e começou a pegar os bichos, com apoio da esposa Joselice, 44. O jantar da família foi garantido graças a um problema que modificou o cotidiano da lagoa. Ontem, ela amanheceu com o espelho d’água tomado por peixes e camarões. Os que ainda não estavam mortos, buscavam oxigênio e sobrevivência.
“Esses peixes estão morrendo sufocados”, resumiu Francisco. “Acho que não estão olhando mais pra essa lagoa. Tem muita sujeira. A água era bem limpinha... Agora não pode nem mais tomar banho”, reclamava Joselice, segurando na sacola os diversos camarões pescados pelo marido. “A água está muito amarelada desde ontem. Isso é um crime ambiental”, definiu o entregador Carlos Filho, 25, que tem sempre o calçadão como passagem. “O pessoal diz que o problema aqui é esgoto clandestino”.
Para o mecânico Paulo Alcântara, 53, vizinho da lagoa, é preciso levar oxigênio de volta ao manancial. “Ou se tivesse uma chuva hoje (ontem) à noite resolvia porque nível da água está muito baixo”, opina.
A morte de peixes foi causada por vazamento de esgoto para a lagoa. A informação é do chefe do Distrito de Meio Ambiente da Secretaria Executiva Regional (SER) III, Antônio Soares.
“Os fiscais (da regional) foram lá hoje (ontem) de manhã. Chamamos a Semam, convidamos a Cagece (Companhia e Água e Esgoto do Ceará) e identificamos que o esgoto estava transbordando e essa água estava indo pra lagoa. Foi o que identificamos em um primeiro momento”, diz. “Mesmo assim, vamos continuar fazendo investigações porque o espelho (d’água) está muito baixo”, cita. A Cagece executa uma obra na região, mas isso não tem relação com o problema, afirma.
A Companhia informou, em nota, estar “solucionando uma fuga de esgoto, situada na rua Padre Cícero” que causa “transbordamentos pontuais, em horários de pico, em poços de visitas próximos ao manancial”. A Cagece, porém, “não atribui a mortandade de peixes a estas ocorrências, avaliando ser necessário uma investigação mais detalhada sobre os fatores”, cita a nota.
ENTENDA A NOTÍCIA
A falta de oxigênio pode acontecer porque a poluição que chega a mananciais, como a Lagoa de Porangabuçu, aumenta a matéria orgânica, o que pode contribuir para a produção de algas, consumidoras de oxigênio.
Saiba mais
Morte de peixes na Lagoa de Porangabuçu não é novidade. Em março de 2006, nove toneladas de animais mortos foram recolhidas do manancial. O Ministério Público do Estado chegou a abrir procedimento administrativo sobre o caso. Em janeiro de 2007, mais mortes foram registradas.
Segundo o chefe do Distrito de Meio Ambiente da SER III, Antônio Soares, está prevista construção de rede de esgoto para a comunidade Samasa, vizinha à lagoa, em parceria com a Cagece. “As casas despejam os dejetos no manancial”, diz Soares.
“São 300 famílias e o esgoto vai pra dentro da lagoa. A obra deve começar em dezembro”, garante.
Mariana Lazari
marianalazari@opovo.com.br
FONTE: O Povo Online
E essas pessoas que comeram os peixes mortos? Não houve nenhuma orientação? Tudo muito grave, Brasil!
ResponderExcluirImpressionante como estas coisas ainda ocorrem com a 5ª maior cidade do país! Incrível constatar que todas as lagoas e corpos de água de Fortaleza estão contaminados!
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