quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Ideia de Sustentabilidade

Projeto de Educação e Consciência Ambiental Para Crianças Carentes
 
Começo com uma pequena introdução:

Uma das paradas de ônibus que vou quase todos os dias fica ao lado de uma escola. Às vezes, em momentos de espera, distraio-me observando as pessoas ao redor. Fico imersa em suas conversas, impaciência, e hábitos que se deixam perceber, mesmo em poucos minutos. Eis que já se tornou corriqueiro, não que deixe de me causar indignação toda vez, ver alguém abrindo um bombom e jogando a embalagem no chão. Adultos, sempre.

Agora remeto a outra experiência, que me transportou no tempo até minha infância, nos tempos em que eu esperava por minha mãe dentro dos portões da escola, ao final da aula. E lembrei o quanto essa espera, se prolongada, me afligia. Porém, igual era o alívio e conforto que sentia ao finalmente ver minha mãe entrando pelo portão, vindo por mim, enfim me levando embora, me "salvando" de ser uma das "últimas" crianças à espera, sensação de abandono absurda que tomava grandes proporções no meu imaginário infantil.

Comparo a uma sensação de filhote esperando pela mãe no ninho, algo meio sem explicação objetiva exata, deixo isso pra Psicologia. Essa lembrança veio à tona ao ouvir o diálogo de uma mãe com o filho, dizendo que ele não ia perder a aula de futebol. Em seguida, ambos entraram no mesmo ônibus que eu, e pude ver o papel "mãe+desenvolvimento e proteção do filho" sendo cumprido.

Mas bem, a conexão que quero estabelecer entre essas duas experiências é a seguinte:

Sabemos que, infelizmente, muitas crianças, mais do que cabem na nossa imaginação, não têm o privilégio que muitos de nós tivemos. O de ter atenção e dedicação de pais e/ou familiares que nos deram carinho e educação. Felizmente, vemos projetos sociais sendo executados a fim de preencher essa lacuna, apadrinhando, mesmo que por curtos momentos, crianças carentes.

Já fiz parte dessa experiência, muito rica, digo de passagem, de brincar, ouvir as esperanças e anseios e confortar, num papel de amiga/irmã, crianças "carentes". Recentemente fiz parte de um projeto de Dia das Crianças, em que vi pouco mais de uma dezena de crianças se encherem de alegria ao ganharem brinquedos, e ver pessoas que se importavam, e estavam ali exclusivamente para elas. Mas me chamou atenção o que se deu após esse ato de entrega de presentes, quando as embalagens foram jogadas no chão.

Não fiquei surpresa, já que no momento do lanche, o mesmo tinha acontecido. Pratos e copos descartáveis esquecidos. Quando questionei um dos meninos sobre tal ato, pedindo para que ele fosse comigo jogar o seu no lixo, foi surpreendente a sua reação de aceitar sem hesitar. Percebi que só faltava quem incentivasse. Com outra criança, foi mais difícil. Recebi como resposta "que havia quem limpasse". Esse caso reforça que, além de incentivo, faltou quem educasse.

Tudo isso me levou a refletir novamente sobre o que um colega havia falado sobre quebra de paradigmas entre adultos X crianças, que foi algo assim: "é complicado corrigir adultos, pois se trata de uma quebra de paradigmas, derruba-se um sistema consolidado para a construção de um novo, já com crianças, pode-se construir, pois não há nada solidificado ainda".

Esse pensamento me inspirou e motivou a pensar em um projeto, visto o caráter social já existente no curso, com a doação de leite, além da responsabilidade social que não se dissocia de nossos conteúdos: o de promover visitas educativas a instituições que cuidam de crianças carentes. Juntos, poderíamos ajudar a ampliar a consciência em formação dessas crianças, promovendo um projeto lúdico-educacional.

Sei que a maioria de nós, se não todos, não temos experiência com educação infantil, mas creio que os que não tem contato direto com crianças em casa ou na família, não terão dificuldade em interagir, lembrando como era ser uma, e se vendo, de repente, na posição de ser um exemplo a ser seguido. Foi exatamente a descoberta dessa capacidade, a de ser um modelo para uma criança, que veio como uma revelação à minha consciência, evocada por um inocente "Tia!".

Penso que podemos começar, ou continuar, fazendo a diferença que queremos no mundo a partir de simples intervenções, que para nós não representam nenhum grande esforço, mas que terão grande impacto na mente de crianças que crescerão e poderão fazer o mesmo no futuro, integrando uma nova geração consciente e justa, retirando, quem sabe, a interrogação do nosso slogan "Ceará Sustentável?".

Bom, termino essa reflexão com um convite, o de tirar do papel, ou no caso, da internet, essa ideia. Sei que todos temos rotinas e ocupações que parecem infindáveis, mas tenho certeza que essa experiência contribuiria para o engrandecimento pessoal de ambos os grupos, inspirando-nos e motivando-nos a seguir com nossos projetos pessoais.

Saudações a todos! =)

Por Natália Alencar

2 comentários:

  1. Oi, Natália, achei o seu relato de uma sensibilidade ímpar, parabéns pela iniciativa. Pode contar comigo para dar prosseguimento ao projeto/ideia.

    Obrigada por usar o blog como um canal de incentivo à sustentabilidade, a ideia é mesmo essa!

    =)

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  2. Oi Natália,
    ótima contribuição. ótima idéia.
    E acho que o Curso e o Blog são canais para isto.

    Como avançar ... transformar em um projeto. Esta é a parte mais difícil. Mas não pare. Se precisar de alguma ajuda conte com a gente.
    Não somos especializados em Educação Ambiental, mas tanto a Ana Clara quanto eu temos idéias, que talvez ano que vem venhamos conseguir colocar em prática - consolidando um grupo para trabalhar e trocar idéias.

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