segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

"Panfletistas descumprem lei"

Sujeira na cidade é uma das consequências da distribuição de panfletos, folderes e encartes nas ruas e avenidas. Ato que ocorre, principalmente, em cruzamentos e estacionamentos
MARÍLIA CAMELO

Semam promete punir as empresas reincidentes na distribuição irregular do material de propaganda

A distribuição de panfletos de propaganda, seja entregue em mãos ou deixada nos vidros de carros, é proibida em Fortaleza há 12 anos, desde 1998. No entanto, a legislação municipal é ignorada diariamente.

Em menos de duas horas circulando pelas ruas e cruzamentos do Centro, Aldeota e Dionísio Torres, a equipe de reportagem conseguiu acumular, no carro, 22 impressos publicitários. Em todos os cruzamentos visitados na cidade, percebeu-se que muitos dos papéis de propaganda iam direto para as ruas e esgotos.

Ao realizar a limpeza em galerias do Centro, o gari Roberto Batista conta que já chegou a recolher, em um só dia, mais de 15 sacos de lixo de 100 litros, lotados de panfletos.

Para a coordenadora da equipe de combate à poluição visual da Secretaria do Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam), Maria Luiza Távora, o grande problema, entretanto, está na falta de consciência socioambiental dos anunciantes. "Há pouco tempo, recolhemos um numero significativo de folders, nos sinais e no Centro, e enviamos ofício a essas empresas, explicando que esse tipo de publicidade é proibido por lei, a não ser que venha dentro dos jornais", disse Maria Luiza.

Quem recebe uma grande quantidade de material nas ruas não tem condições de desfazer-se adequadamente do lixo, diferente de quem obtem em casa, observa a gestora. "Não adianta falar com quem distribui os panfletos, temos de notificar, de fato, as empresas, vamos voltar a insistir com isso, e aquelas que forem reincidentes serão penalizadas conforme a legislação", acrescenta ela.

O surgimento de empresas especializadas na distribuição de panfletos em sinais tem crescido porque torna-se mais barato fazer a distribuição nas ruas do que encartá-los corretamente dentro dos jornais, observa o publicitário Victor Novaes, da agência Aldeia Propaganda.

"Muitos clientes têm resistência em fazer da maneira correta por causa do custo, mas se pudermos orientar, informamos que o adequado é utilizar o impresso no ponto de venda, ou em feiras, eventos. Além do mais, essa propaganda nem é mais tão efetiva porque a maioria das pessoas nem abre o vidro dos carros", observa Novaes.

A constatação é a mesma para a panfletista Valdenívea Vasconcelos. "Para cada dez mil carros que passam, só quatro mil abrem o vidro, são muitos aqueles que não recebem", disse. A conta que ela faz tem como base a sua missão diária: entregar dois milheiros por turno.

Em troca, a maioria do panfletistas recebe R$ 195s por quinzena, alguns contam com transporte e alimentação.

Todo o trabalho é realizado sob fiscalização. Para garantir que o material vá para a mãos do público-alvo, algumas empresas oferecem o serviço de vigilância. Na tarde de ontem, um "fiscal" contou que estava encarregado de visitar cerca de seis cruzamentos da cidade, por no mínimo, quatro vezes.

Fique por dentro
O que diz a legislação
É proibida a divulgação de propaganda/publicidade através de volantes ou folhetos de qualquer natureza distribuídos manualmente ou lançados em logradouros públicos;

A inobservância das disposições da lei sujeita aos responsáveis pelo anúncio às seguintes punições: I - multa, II-cancelamento da licença;

III - remoção do anúncio

(Fonte: Artigo 9º da LEI No 8221 de 1998, que dispõe sobre a propaganda e publicidade no município de Fortaleza e dá outras providências)

JANAYDE GONÇALVES
REPÓRTER

FONTE: Cidade - DN

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