sábado, 19 de novembro de 2011

Chevron: Longe de Nós ... mas tão longe, tão perto ...

Recebi a provocação de um amigo que há anos trabalha na Petrobrás no Rio e agora em Vitória (ES). Sua provocação tinha um caráter agressivo contra a Chevron e o que estava ocorrendo na bacia de Campos, um vazamento sem informações. Num blog que recebi deste meu amigo havia um quadro comentando que a plataforma era a mesma da BP e que a Chevron estaria explorando 3 poços ao mesmo tempo (lá aparecia uma lista recortada de algum lugar –sem fonte- marcada de amarelo as três ações da Chevron).

Logo após na discussão um colega dele no Facebook chegou a implicar com uma ONG internacional rotulando de “verdes entreguistas”, dizendo que a ONG não havia se posicionado no caso da BP e agora tava em silêncio por ser uma empresa americana. Depois aparece um velho tema da ligação da Chevron com o ex-ministro José Serra.

No meio do feriado muito foi discutido nas mídias sociais. Pelo twitter incomodei o André Trigueiro sobre o tema.
Bem, realmente no feriado em desliguei de qualquer vigília de informações e como a impressa ficou muda, não estava acompanhando o caso. Logo fiz um resgate de parei a analisar o desenvolvimento de tudo.

Resolvi fazer uma análise, não tão nacionalista, e levei ferro no Facebook, pois parecia defendendo a Chevron ou a imprensa de massa por seu silêncio. Para deixar claro ... A Chevron como a maioria das petroleiras americanas são realmente as piores empresas do setor nas questões socioambientais. Mesma a vilã histórica, a holandesa Shell, já aprendeu que não se pode trabalhar com tantos riscos, pelo menos se você quer entrar num mercado com a mínima preocupação ambiental (ou seja qualquer lugar menos o EUA).

Realmente foi incrível que toda a informação sobre o caso na primeira semana vinha da imprensa internacional onde a Chevron emitia já “boletins informativos”. Provocando o pessoal da Globo News (unidade mais independente da Globo que gera o Jornal nacional) apareceu uma imagem do caso, isto uma semana depois do ocorrido. O que era? Uma foto com 2 navios em algum lugar aquático limpando uma mancha.

Este fim semana parece que a coisa avançou. A Globo News já trouxe para o debate um biólogo marinho, um analista de risco, já tem imagens do local. Agora temos uma tematização real sobre o tema, como em uma imprensa livre (lembro que a tematização na primeira semana veio da imprensa internacional, inclusive uma foto de satélite...)

Mas a discussão minha seguiu desde o começo um tópico de alguns analistas depois escreveram: Esta não é uma discussão maniqueísta. Chevron malvada, americana amiga do Serra de um lado, e a santa petrobrás, nossa, brasileira de outro.
Sinceramente, acho que o silêncio se deve pelo tamanho econômico da indústria do petróleo, e seu poder, certamente, junto aos órgãos de imprensa:

- Enquanto não ficasse claro que poderia se claramente separa o caso da Chevron do resto da indústria de exploração marítima (que no Brasil tem como empresa dominante a gigante estatal Petrobrás) a imprensa não poderia sair queimando o tema.

Assim, ao meu ver neste ponto teve menos teoria conspiratória Globo-Chevron-Serra e mais Governo-Petrobrás-Pré Sal-Valor da Ação-ANP (e incompetência da nossa imprensa).
Como eu comentei, no meio de achar culpados o debate que chegou a uma polarização anti-americanista (dos Americanos da Chevron) que sobrou até inverdades para uma ONG Internacional (que não só tinha atacado a BP no caso do Golfo, como nesta atacou a Chevron na sua sede!), os verdes-entreguistas.

Vejo como perigoso e simplistas tais direcionamentos a priori, no momento de faltas de informação qualificadas (na internet tivemos há dias polarizações simplistas sobre o câncer do Lula e sobre a invasão da USP).

Bem agora a coisa se define bem. Realmente a Chevron é uma bandita, e sua exploração no Campo do Frade (onde ao mesmo tempo a Petrobrás também) tem problemas relacionados a sua incompetência e isto não afeta a indústria como um todo. Assim agora vamos ver as conseqüências, os perigos, as ações, vamos ter imagens. Não precisamos mais de populismo (a Petrobrás também faz perfurações simultâneas – é só olhar na lista que apareceu no blog, achada mesmo sem citação; e esta plataforma “hotel” da Chevron não é a única operando nos campos marítimos brasileiro)

Por fim acho que deve ficar com fato curioso seu paralelismo ao festival “SWU” (supercoberto pela imprensa) e até mesmo um Encontro de Jornalista Ambientais( que falaram eles lá sobre o tema ... mas sobretudo sobre o silêncio dos colegas ...)

2 comentários:

  1. Ô professor, tem uns detalhes aí que não são exatamente corretos. A perfuração simultânea que a Chevron estava praticando nenhuma outra pratica (menos ainda a Petrobras). Leia com mais atenção as matérias linkadas. A fonte na postagem do deputado Brizola Neto também estava citada, eram documentos oficiais da ANP. E a questão não era tanto um debate de quem é mais eficiente, se Chevron ou Petrobras, mas da diferença enorme de tratamento da imprensa brasileira para com as duas.
    Afora isso, a indústria de petróleo é sabidamente uma das mais sujas do mundo e é imprescindível um controle extremo sobre ela. Seja qual for a empresa. Mas algumas são mais porquinhas que outras, cabe ressaltar. E mais porquinhas ainda quando não é na costa de seu país de origem.

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  2. Caro Rodrigo,
    no Blog do Brizola Neto citava "documentos oficiais da ANP". Um figura recortada.
    A fonte certa seria:
    ANP, Situação dos poços (acesso livre) em http://www.anp.gov.br/site/extras/situacao_pocos/index.asp?lngPaginaAtual=7
    São 7 páginas ... na página 5 há uma perfuração simultânea da Petrobrás com a Sonda OCEAN Clipper em 3 poços no mesmo dia. Na página há duas perfurações com a ENMSCO 2003.
    Claro que a Petrobrás tem mais competência, mas fica claro que o problema não é perfurar 3 no mesmo dia com a mesma sonda.

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